COLÉGIO ESTADUAL SANTA BERNADETE

A escola estadual de ensino fundamental e médio Santa Bernadete está localizada na Rua Benedito Almeida, 120, centro na cidade de Amargosa. O Colégio Estadual Santa Bernadete (CESB) é a maior escola da DIREC 29. Dessa forma, podemos imaginar como essa escola possui uma grande estrutura física, em relação à área.

A História do CESB tem ligação com a instalação da Diocese em Amargosa. Destaca-se a vinda do Bispo Dom Florêncio Sisíno Vieira para a cidade, que conhecia a região e, percebendo a carência numa formação educacional mais qualificada para os filhos e filhas de Amargosa, pois até então a cidade usufruía apenas de escolas de ensino primário. Assim, para estudar, os filhos e as filhas da cidade e região tinham que se deslocar para Salvador. Amargosa era economicamente produtiva, na época, mas o(a)s filho(a)s da elite não tinha uma instituição de qualidade para estudar. Assim, com a criação do Santa Bernadete, que inicia com um público sendo filhos e filhas das pessoas de maior poder aquisitivo.

Dom Florêncio, desde então, começa uma articulação em prol da instalação de um ginásio, o qual contou com a participação das Irmãs Sacramentinas, pois ficaram responsáveis pela gerência e implantação do modelo educacional, visto que, em sua gênese, é de fundamento cristão. Outras contribuições vieram da própria comunidade, neste caso, coronéis, comerciantes, pessoas que exerciam influência econômica na cidade e que também estavam preocupados com a Educação, principalmente das suas filhas. Assim, um deles fez a doação de um terreno, o que acelerou o processo de um Projeto Educacional para Amargosa e região.

Inicia atendendo público de ambos os sexos, ofertando o primário. No entanto, o desejo era de fato implantar o tal sonhado ginásio, o que ocorreu em 1946. Em sua gênese, era uma escola privada e liderada pelas Irmãs, atendendo somente ao público feminino, de regime interno e externo. A partir de então, o Santa Bernadete começa a receber seus alunos oriundos não somente da própria cidade, mas também de outros municípios, esses sendo especificamente de classe urbana e os poucos estudantes da zona rural eram filhas de fazendeiros.

É notável que a educação proposta pelo colégio na época refletia uma sociedade com seus valores e crenças, com o foco na formação da “Mulher para o Lar” e a vocação religiosa, pois muitas das moças se tornavam freiras devido a influência da religião. Desde então, o Colégio atinge uma visibilidade tal, que se torna uma referência educacional para o Estado da Bahia, resultado da qualidade da Educação oferecida, atrelada às influências política e religiosa que a Diocese exercia sobre boa parte do território baiano. Após 24 anos de sua fundação, inicia uma crise na Instituição e, apesar das tentativas, não conseguem solucionar os graves problemas financeiros, o que resultou na venda ao Estado, passando a se chamar Escola de 1º Grau Antonio Carlos Magalhães. Inicialmente, atendeu um publico masculino, feminino e com perfil anterior aliado ao perfil das classes menos favorecidas da região, incluindo alunos da zona rural.

A mudança definitiva do público ocorreu por volta do final da década de 1980 e início de 1990. A partir daí, o CESB passa a receber alunos dos bairros mais populares da cidade de Amargosa, fato que acontece até os dias atuais.

As entrevistas permitem compreender que o CESB é uma instituição referência no município e nas cidades circunvizinhas de Amargosa. Contudo, a qualidade tão vislumbrada ao longo dos anos vai sendo alterada, já não sendo mais bem quistas, uma vez que a qualidade de ensino do período das Sacramentinas é lembrada com saudosismo.

Quanto à estrutura do Colégio, houve várias modificações no espaço. Os laboratórios e quadras que existiam foram desativados, transformando-se em salas de aulas, devido ao aumento no número de alunos matriculados, sem construção de novas salas. A quadra, o refeitório, salas dos professores, o auditório também sofreram modificações.

O perfil dos professores é diferenciado, embora a instituição só tenha sido gestada por mulheres. Atualmente, o quadro de funcionários é de ambos os sexos, com predominância das mulheres. Inicialmente, as ações educativas eram de responsabilidades das Irmãs, as quais eram francesas. Por isso, a concepção de Educação foi inspirada no modelo francês. Atualmente, os professores são formados em nas eras de ensino e/ou magistério e os estagiários, em processo de formação.

Compreende-se que as histórias resultam das ações transformadoras dos sujeitos no seu tempo e meio e varia conforme a cultura de cada período. Assim, a preservação da memória nos possibilitou conhecer a forma como a Educação, nesse contexto, foi construída, no qual os imaginários criam referências sobre as instituições. Nesse sentido, conhecer a história do Santa Bernadete nos proporcionou refletir sobre a Historia da Educação no Bahia e a importância desse Colégio para a região, fato que consideramos importante para a formação docente, uma vez que permite compreender o processo educacional a partir das mudanças sociais e das suas influências na vida dos sujeitos que contribuíram nas transformações que ocorre no contexto da escola, visto que não se trata de algo isolado, mas com várias implicações que permeiam as instituições sociais.

Assim é valido mencionar que os fatores econômicos e as mudanças sociais foram determinantes para a venda a instituição e posteriormente o seu processo de estadualização. Dois aspectos são relevantes para a reflexão: o primeiro se refere ao que significou a possibilidade de pessoas, de baixo poder aquisitivo, terem acesso à Educação, visto que ao torna-se pública, aumenta-se o número de vagas. Esse movimento possibilita a garantia do acesso, se não da grande maioria, mas inicia uma caminhada para a democratização e universalização do ensino. O segundo corresponde ao fato de que embora se falem na perca da qualidade da instituição, a pesquisa possibilita entender que não houve um investimento para manutenção e preservação dessa qualidade, com as mudanças ocorridas, considerando os diferentes sujeitos e suas necessidades e as demandas dos novos professores. A Instituição deixa de ser privada, mas permanecem por muitos anos a ideia do sujeito ideal, produtivo, comprometido com a Educação, com os valores sociais da época das Sacramentinas. Um dos grandes impasses é perceber essas mudanças como uma dinâmica social, como fruto de um tempo e espaço diferenciado, onde as socializações/sociabilidades perpassam por valores diversos.

(Resumo Produzido Por Bolsistas PIBID/UFRB)